Valdemir Carrara
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Como construir (seu próprio)
pedal Wah Wah com controle de volume


Atendendo a inúmeros pedidos (???), aqui vai mais um projeto de pedal, depois do amplificador valvulado Vox 50, além dos diversos pedais de efeitos. Desta vez é um wah wah junto com controle de volume. Como dizia Jack, o estripador, vamos por partes. Começaremos pela eletrônica, como sempre, depois a montagem mecânica e finalmente as ligações.




O Wah Wah

Existem diversos projetos prontos de pedal de wah wah disponíveis na web. Todos eles necessitam de um elemento eletrônico variável acoplado ao movimento do pedal, e que vai produzir o típico som de uá-uá característico do pedal. Este elemento variável pode ser um potenciômetro, no caso mais comum, ou então um capacitor ou mesmo um indutor variável (relutância variável). O modelo com o potenciômetro é mais fácil de ser montado e um pouco mais barato que os outros. Porém, apresenta uma séria desvantagem que é o ruído gerado pelo potenciômetro quando ele fica gasto. Portanto, esta opção necessita de manutenções periódicas para substituir os potenciômetros. As demais soluções (indutor ou capacitor variável) não apresentam este problema.

O funcionamento de um wah wah é baseado na alteração da freqüência de ressonância do pedal por meio do resistor variável. Isto é algo que fazemos naturalmente com o trato vocal e por isso o som do pedal parece imitar a voz humana. Mais detalhes sobre o wah wah podem ser vistos na página da Geofex. Nela são apresentadas diversos projetos modificados, incluindo um pedal acionado por um conjunto LED-LDR, para evitar os ruídos de potenciômetro gasto.

Quase todos os pedais comerciais adotam a solução de potenciômetro, e, para não fugir à regra, também embarquei nela. Todos os pedais que usam potenciômetros empregam também um indutor fixo, de cerca de 500 a 600 mH (mili Henry). Escolhi o projeto de Mod Wah Wah mostrado na página da General Guitar Gadgets (GGG), mas introduzi mais algumas modificações que tornaram o projeto melhor ainda.

A placa de circuito impresso

A placa de circuito impresso apresentada na GGG usa um ou dois indutores no pedal (os pedais da Vox ou Cry Baby usam apenas um). A junção dos dois indutores em série ou a seleção separada de cada um deles provoca uma sensível mudança no timbre do pedal. O layout da GGG permite a fixação de diversos modelos de indutores comerciais. Eu escolhi, contudo, fazer eu mesmo meu indutor, a partir de um kit Halo fornecido pela  . O problema, só percebido tardiamente, é que a placa não tinha furações próprias para este kit (mesmo considerando que este kit é recomendado na própria página da GGG). Foi necessário, portanto, fazer furos adicionais na placa, em locais que permitissem a fixação dos dois indutores, já que eles são bem maiores do que os do Cry baby ou os da Vox. O resultado foi ... como direi? ... uma gambiarra, que não recomendo a ninguém. Felizmente, pensando em você, que está tendo a paciência de ler este guia, fiz um novo layout no Eagle, e com isso agora você tem à sua disposição uma placa de circuito impresso significativamente melhor do que o do GGG, com as seguintes características adicionais:
  1. Capaz de acomodar dois indutores Halo, Vox, ou Crybaby,
  2. Ilhas (pads) de entrada e saída junto com sinal de terra, para minimizar ruídos,
  3. Layout extremamente compacto (muito menor do que o da GGG).
  4. Trilhas largas, para permitir uma preparação caseira da placa sem que ocorra corrosão da própria trilha.
  5. Ilhas com distâncias padronizadas para fixação de soquetes que permitem a ligação de componentes externos à placa por meio de conectores removíveis (do tipo “jumper”, usados nas conexões na placa mãe de computadores).
  6. Contatos extras para permitir o aterramento dos indutores por meio de chave de 1 pólo e 3 posições com posição central em contato aberto (solução bem mais simples e fácil do que a da GGG, que usa chave de 3 pólos e 3 posições).
Assim como o layout do wah wah apresentado na GGG, este aqui também possui um banco de 5 capacitores acionados por uma chave de 1 pólo e 6 posições. Os capacitores podem ser dispensados (exceto um deles, é claro), mas eles efetivamente alteram o timbre do wah wah e por isso vale a pena mantê-los. O layout da placa gerado pelo Eagle é mostrado abaixo, junto com o esquema eletrônico do pedal. Uma versão do esquema eletrônico em pdf está também disponível. O arquivo do Eagle pode ser baixado aqui. O arquivo contendo o layout do PCB em pdf gerado pelo Eagle, para ser usado na preparação de fotolito ou para a impressora a laser também está disponível. As linhas horizontal e vertical presentes no layout medem exatamente 50 mm. Há também uma outra versão deste layout mais compacta e com menor resolução. Note que a placa é de face simples (bottom), mas, caso você consiga gerar uma placa de face dupla, há também, no arquivo de impressão, o layout da face de topo sem trilhas, é claro.

   
PCB - Face inferior (imagem em 300dpi)


 
Caso você não saiba como gerar uma placa de circuito impresso a partir do layout, procure informações na web sobre isso. O método mais fácil é, sem dúvida, o do “ferro de passar roupas da mamãe”. Há, inclusive, vídeos no Youtube que ensinam como fazer uma placa caseira.

Supondo que você foi bem sucedido na etapa anterior, é hora de montá-la. Compre esta lista de componentes, e solde os elementos nos locais apropriados. Monte os transistores MPSA18 em soquetes, pois assim fica mais fácil substituí-los em caso de necessidade. Eu recomendo comprar 4 transistores porque são muito baratos, e assim você terá alguns para reposição. O mais caro, no caso, é a despesa de remessa dos componentes não encontrados no Brasil. Eu comprei-os na Smallbear Electronic USA – veja a lista do material a ser adquirido na smallbear mais adiante. Os demais componentes, como a chave DPDT, podem ser adquiridos na Multcomercial (Rua dos Timbiras, Santa Efigênia, São Paulo). Monte por fim o(s) indutor(es), caso tenha comprado já pronto, ou então faça-os você mesmo caso tenha optado pelo kit. Para isso veja a próxima seção.

Indutores

Como os indutores de wah wah podem ser feitos sem dificuldades, segui a sugestão apresentada pela GGG e decidi instalar dois indutores no pedal. Além disso, optei por fazer eu mesmo o enrolamento deles, já que não é tão difícil assim. Outra opção seria comprar os indutores já prontos – denominados de Halo Inductor – mas eles podem ser bastante caros se forem originais. Não posso afirmar, contudo que exista diferença significativa no som gerado por um indutor original e uma réplica. Um mero transformador de baixa tensão pode servir, como sugerem estes dois links: Geofex e Smallbear. A Smallbear também oferece um kit para montagem do Halo a um preço bastante acessível, que usei no meu pedal. Se quiser, compre-os já montados da Smallbear. Para fazer seu próprio enrolamento, é necessário fixar o carretel do indutor em algum motor ou eixo girante, para evitar a torção e a eventual quebra do fio, que é bastante frágil. Eu usei um moedor de carne elétrico que possuo e cujo eixo gira em velocidade lenta. O enrolamento não ficou dos melhores, mas funcionou. Recomendo um motor DC com redutor de baixa velocidade caso tenha ou consiga um.

Vamos aos dados técnicos. As únicas peças que tive que importar da Smallbear, porque não existem no Brasil, foram:
  1. Wah inductor kit SKU 2610 (kit de indutor Halo), por U$ 6,50. Comprei duas unidades.
  2. Rack gear (cremalheira)  por U$ 1, 95. Comprei uma peça mas recomendo comprar duas, caso necessário. Pode-se perfeitamente produzir a cremalheira numa impressora 3D.
  3. Pinion Gear for flattened shaft (engrenagem pinhão para eixo chanfrado) por 1,75  Comprei apenas uma peça, mas recomendo comprar, adicionalmente, um Pinion Gear for Knurled Shaft (engrenagem pinhão para eixo estriado). Durante a montagem você pode selecionar qual deles é o melhor.
  4. Switch SPDT Toggle Taiway (chave um polo e 3 posições com centro desligado) por U$ 1,90. Comprei duas unidades, mas basta uma. Esta chave pode ser encontrada em lojas de eletrônica.
  5. Switch mini rotary, 1P6T (chave rotativa seletora de um polo e 6 posições) por U$ 3,95. Comprei apenas uma.
  6. Transistores MPSA18 (pelo menos duas unidades) por US$ 0,30 cada. 
Todos os demais componentes da lista podem ser encontrados no Brasil sem dificuldades. A Smallbear envia para o Brasil (adicione cerca de U$ 12,00 para despesas de remessa), e a encomenda chega em cerca de 15 dias, no máximo. Não há impostos a serem pagos porque o valor é muito baixo.

Para fazer os indutores, consiga pelo menos 30 metros de fio de cobre esmaltado (para transformadores) bitola AWG 38. Segue uma descrição dos pontos mais importantes para realizar o enrolamento do indutor:

Deixe cerca de 5 cm de fio na extremidade, e enrole algo em torno de 550 voltas em cada carretel do wah inductor kit (veja item 1. acima). Isto deve dar algo em torno de 12 a 13 metros, mas é sempre melhor enrolar a mais do que menos. Terminado o carretel, delicadamente raspe com um estilete as duas pontas do fio de cobre para remover o esmalte. Verifique a condutividade medindo a resistência do fio com um multímetro. Deve-se encontrar um valor de cerca de 31 Ohms por carretel. Se for maior do que 33 Ohms, retire um pouco de fio e repita o processo de medição. Se ficar menor do que 28 Ohms, .... é melhor refazer o enrolamento com um fio mais longo. A seguir, insira os núcleos de ferrite no carretel e feche o kit. Enrole as pontas do fio em terminais opostos do kit (não esqueça de remover o esmalte) e aplique solda. Verifique novamente a condutividade nos terminais com o multímetro. Se tudo ocorreu bem, é hora de verificar a indutância. Caso tenha um multímetro capaz de medir indutores, então ótimo, porque estes multímetros são realmente dificeis de se encontrar. Caso contrário, confie no enrolamento que fez. Você pode, por outro lado, fazer medidas indiretas usando algumas equações. A próxima seção mostra como medir os indutores, porém, caso você ache desnecessário, pode pular a próxima seção.

Depois de testados, monte os indutores na placa de circuito impresso. A seguir, conecte o potenciômetro à placa, a chave seletora do indutor, a chave rotativa de seleção dos capacitores e os dois jacks (de entrada e saída do sinal). Siga as instruções de ligação mostradas na seção Conexões mais adiante. Alimente a placa com 9 V DC (verifique a tensão antes de ligar) e, finalmente, faça as conexões da guitarra com o pedal e o amp. Teste o funcionamento movendo manualmente o potenciômetro. A minha placa funcionou imediatamente. Espero que a sua também funcione.

Medindo a indutância

Há diversas formas para se medir indutâncias. Todas elas necessitam de um sinal a ser injetado no indutor, e esta é a grande dificuldade. Aproveitei o fato de que os computadores atuais tem um ótimo gerador de sinal na placa de som, e resolvi tentar esta solução. O esquema para montagem do medidor de indutância é mostrado na figura abaixo. Nesta figura, L é a indutância a ser medida, r é a resistência do fio do indutor (por volta de 31 Ohms, como descrito na seção anterior) e R é uma resistência a ser posta em série com o indutor, e deve ser entre 100 e 1KOhms. Eu usei 2.2 KOhms.

Para medir a indutância, você precisará:
  1. Um microcomputador com placa de som e saída de audio
  2. Um resistor de 2.2 kOhms
  3. O software Soundcard Oszilloscope de Christian Zeitnitz
  4. Um multímetro com capacidade de medição de milivolts
  5. Cabo coaxial, fio, soldador, jack estéreo de áudio e uma placa protoboard (não essencial)
Baixe e instale o Soundcard Oszilloscope. Faça as conexões entre o indutor, o resistor de 2.2 k e o plugue estéreo, conforme indica a figura abaixo. Abra o Soundcard Oszilloscope e selecione a aba Signalgenerator. Acione o botão Channel 1 (luz verde), selecione a geração "sine", aumente o botão da amplitude para o máximo (1) e a freqüência (frequency) em 2000. Use a caixa de diálogo logo abaixo do botão para um ajuste preciso. Se você tiver uma caixa de som conectada na sua placa de som, neste instante você deve estar ouvindo um sinal agudo e irritante. Desconecte a caixa de som e conecte em seu lugar o plugue já conectado ao indutor. Coloque o volume de saída de audio do microcomputador no máximo (o controle de volume fica no canto direito da barra de ferramentas do Windows). Com o multímetro, faça medições da tensão vo em milivolts nos terminais do resistor R (AB) e da tensão vi em milivolts do cabo conectado ao plugue (CD). Use, a seguir, a seguinte fórmula para o cálculo da indutância:



O ideal é fazer medidas com vários valores de freqüência pois a indutância varia com a freqüência. Por volta de 1000 Hz a indutância se estabiliza e fica aproximadamente constante, como visto no gráfico abaixo para um dos indutores que fiz. Infelizmente, como a tensão gerada pela placa de som é muito baixa, não há como ir muito além de 2000 Hz já que vo resulta muito pequeno (no meu caso, as medidas ficaram ao redor de 4 mV). O valor médio da indutância que encontrei foi de 337 mH, bastante abaixo do valor esperado de 500 mH. Mesmo assim o efeito de uáuá é bastante pronunciado em ambos os indutores. Maiores detalhes sobre o cálculo de indutores podem ser encontrados na página da Stack Exchange, Methods to measure inductance.


      
Controle de volume

Já que todo pedal wahwah tem um potenciômetro para gerar o uáuá, decidi que a chave DPDT poderia alternar para um controle de volume, ao invés de funcionar somente como um bypass. Minha primeira tentativa foi tentar uma conexão que usasse o próprio potenciômetro do wahwah para ambas as finalidades. Isto se mostrou impossível, a menos que a chave fosse 4PDT. Decidi então incorporar um segundo potenciômetro para o controle de volume, e acioná-los simultaneamente, virados um para o outro. Eu poderia igualmente usar um potenciômetro duplo, mas este é mais difícil de se encontrar e também mais caro. No acionamento o pinhão (engrenagem) é compartilhado pelos eixos dos dois potenciômetros, como visto na imagem ao lado. A vantagem é que esta configuração impede que o pinhão deslize sobre o eixo. A desvantagem é que os eixos de giro dos potenciômetros devem ser bem alinhados para não causar engripamento ou forças excessivas.

Chassi

A confeção do chassi é a parte mais difícil e demorada. É por isso que deve ser deixada por último, pois só deverá ser feita após certificar que a eletrônica está funcionando adequadamente. Para o projeto da caixa do pedal, impus algumas condições:
  1. ela deveria ser o mais compacta possível
  2. a chave DPDT deveria ficar acessível porém sem atrapalhar o curso do pedal.
Para que o item 1 pudesse ser satisfeito, medi todos os componentes a serem fixados no chassi, e busquei uma solução que fosse bastante compacta. Acho que exagerei, porque a chave rotativa ficou muito encostada na chave de 1 polo e 3 posições. Se quiser, aumente um pouco a separação entre eles. Um ou dois milímetros serão suficientes. O item 2 foi satisfeito ao fixar a chave no canto superior esquerdo, e fazer um recorte no pedal de acionamento para encaixar na chave, visto na imagem ao lado.

Para fazer o chassi usei chapa de 1,5 mm em quase todas as peças. Para fazer todo o pedal, serão necessários uma guilhotina para cortar as chapas, uma dobradeira de chapas, uma furadeira de bancada, um jogo de limas de ferramenteiro e um torno mecânico para fazer os mancais e o guia da cremalheira.  A guilhotina pode ser substituída por uma serra, mas será necessário melhorar o acabamento das arestas. Pode-se usar uma morsa (torno de bancada) para dobrar as chapas, mas a dobra não será perfeita. Caso você não possua um torno mecânico, nem alguém que consiga usinar os mancais e a guia da cremalheira para você, então tente encontrar peças parecidas num ferro-velho.

O desenho mecânico de cada parte é mostrado neste arquivo (pdf). As peças dobradas podem não se ajustar corretamente, mesmo se as medidas fores seguidas rigorosamente. O motivo disso é que se um pedaço de chapa de 100 mm de comprimento for dobrado ao meio, formando um L, então cada lateral não medirá exatamente 50 mm, quer a medida seja feita na parte interna do L ou na parte externa. Na verdade, a parte interna medirá um pouco menos do que 50 mm e a parte externa medirá um pouco mais do que isso. Se você quiser fazer um bom ajuste das peças, então é melhor fazer uma a uma e ir fixando aos poucos.

1) Alavanca do pedal (A)

Comece pela alavanca do pedal, mostrada ao lado. Corte nas medidas indicadas no desenho mecânico, e deixe o recorte do encaixe da chave DPDT e também os 4 furos do suporte da articulação da cremalheira (F) para depois (na foto eles já foram feitos). Faça a furação para encaixe do mancal da alavanca (6 mm) antes de dobrar a chapa.

     

2) Caixa de fixação (B)

Em seguida, recorte a caixa de fixação (ao lado) e faça os furos para os elementos externos: jacks de entrada e saída, conector de alimentação externa, chave 1 polo 3 posições, chave 1 polo 6 posições e chave DPDT. Alguns furos precisam de ajustes porque as chaves não são circulares. Neste caso, faça um furo um pouco menor do que o recomendado e acerte o encaixe com limas de ferramenteiro. Na foto ao lado, a furação da DPDT já foi ajustada (perceba o encaixe para o rasgo) mas a furação para a alimentação externa ainda não foi terminada. Não faça ainda os furos para encaixe do suporte dos potenciômetros (E) nem o suporte da roldana (G). Deixe também para depois o rasgo para passagem da cremalheira. Dobre a chapa. Use o perfil fornecido no desenho mecânico como gabarito.

3) Articulação do pedal (D)

Recorte, faça os furos (todos) e, em seguida dobre a articulação do pedal (peça D). Verifique se as medidas estão corretas (ela deve ficar cerca de 3 milímetros mais curta do que a largura da caixa B). Faça a marcação para os furos de fixação entre as duas peças (D e B) de forma que o furo do mancal fique abaixo da dobra de 17 graus da caixa. Faça os dois furos de 3 mm na caixa e fixe ambos com parafuso e porca de 3 mm. Veja na foto abaixo como elas são fixadas.

     



4) Mancais da articulação (I)

Estas peças permitem que o pedal gire livremente sem resistência. O ressalto de 6 mm de diâmetro deve encaixar perfeitamente no furo feito na alavanca do pedal (A). A profundidade deste ressalto deve ser de 0,5 mm maior do que a espessura da chapa utilizada na alavanca. Assim, o parafuso que prende a alavanca pode ser apertado firmemente pois não irá prender o movimento. A largura de cada mancal sem incluir o ressalto deverá ser igual à metade da diferença entre o comprimento externo da articulação do pedal (D) e da largura interna da alavanca (A) . Veja a montagem na foto acima e também no arquivo do desenho mecânico.
Faça a montagem e teste a articulação: o pedal deve mover-se livremente.

Faça agora o recorte na alavanca do pedal para a chave DPDT, com medidas mostradas no arquivo de desenho mecânico. Assegure-se que o centro do arco do recorte coincida com o centro do furo para a chave.

5) Suporte dos potenciômetros (E)

Os furos para encaixe dos potenciômetros neste suporte necessitam estar perfeitamente alinhados. Recomenda-se, então, dobrar a chapa antes de efetuar os furos. Caso os furos não fiquem alinhados, produza outra peça até que os furos realmente estejam corretos. A seguir, faça os furos para fixação (3mm) e o recorte para passagem da cremalheira (use serra de arco para o desbaste e lima de ferramenteiro para acabamento). Faça pequenos rasgos na lateral para o encaixe dos pinos dos potenciômetros, para impedir que eles girem com o movimento. Eles devem ficar com os contatos na direção vertical (veja foto a seguir). Fixe os potenciômetros de frente no suporte, unidos pela engrenagem, e teste o movimento. Veja que é necessário que um dos potenciômetros esteja na posição mínima e outro na máxima para fazer o encaixe na engrenagem. Somente assim ambos podem mover todo o curso. Posicione o suporte na caixa de fixação e faça as marcações para a furação e para a passagem da cremalheira (rasgo quadrado de 13 x 13 mm) na caixa (A). Para posicionar o suporte, use as medidas extraídas do desenho mecânico, mas verifique se não haverá interferência com a chave DPDT. A base do potenciômetro esquerdo deverá ficar cerca de 2 mm afastada da borda da caixa (A). Após efetuar a furação e o recorte (use limas para acabento), fixe o suporte com parafusos e porcas M3 x 8 mm.

     



6) Articulação da cremalheira (F)

Faça os dois suportes para a articulação da cremalheira. Ela já vem com o pino guia, como visto na foto ao lado. Os suportes podem ser feitos em chapa dobrada, mas é preferível que a chapa seja um pouco mais grossa. Eu usei perfil de cantoneira com espessura de 3 mm, e fiz os rebaixos necessários. Veja as medidas no arquivo de desenho mecânico (link acima). Devido à espessura do perfil, é difícil fixar a articulação por meio de parafuso e porca. Por isso fiz roscas M3 no próprio perfil. (veja foto abaixo). O furo para o pino guia deve ser bastante preciso. Como o pino tem diâmetro de 1,7 mm, usei broca de 1,8 mm no perfil. A cremalheira tem um comprimento maior do que o necessário, por isso será necessário cortá-la um pouco, a cerca de 3 mm a partir do pino guia. Assegure-se que ela esteja movendo-se livremente de um lado para outro na articulação.

Para fazer a marcação dos furos na alavanca (A) para a fixação das duas metades da articulação, primeiro monte a alavanca (A) na caixa (B), junto com o suporte dos potenciômetros e a engrenagem. Posicione a cremalheira, apoiada na alavanca e encostada na engrenagem, de tal forma que, quando o pedal estiver totalmente pressionado, o ângulo da cremalheira com a vertical seja de aproximadamente 10 graus. Isto irá garantir que o movimento da cremalheira seja mais uniforme, além de reduzir a pressão sobre a roldana de guia. Veja a inclinação da cremalheira no arquivo de desenho mecânico. Procure fixar as articulações da cremalheira na alavanca por meio de cola plástica e deixe secar. A seguir, cuidadosamente desmonte as partes assegurando que a articulação F permaneça no local correto. Junte-as firmemente na posição, com a cremalheira montada, faça as marcações para a furação de fixação e, a seguir, remova a cola e faça os furos. Prenda a articulação na alavanca com parafusos M3 de 5 mm (corte o parafuso, se não encontrar neste comprimento).

7) Roldana e suporte da roldana (G) e (H)

A roldana tem por função manter a cremalheira em contato com a engrenagem, e permitir que o deslocamento dela seja suave, com o menor atrito possível. Usei nylon, na roldana, usinado em torno mecânico. Fiz um rebaixo nela para garantir que a cremalheira não saísse da direção do movimento. O suporte das roldanas é bastante simples (em L, visto ao lado), com furações para a fixação na caixa (A) e também para passagem do eixo da roldana. Eu usei um eixo de 2 mm que eu tinha, mas outros diâmetros podem também ser usados. Assegure-se que os furos para a passagem dos eixos estejam perfeitamente alinhados. Para isso, junte ambos, face contra face, e fure os dois de uma só vez. Novamente, para a montagem, pressione a roldana, já em seu suporte, contra a cremalheira (também já montada e fixada à alavanca), e depois afaste cerca de 0,5 mm, pois é necessário deixar uma pequena folga para a movimentação da cremalheira. Faça as marcações para a furação da caixa (A) usando os próprios furos do suporte.


 
Antes de montar a roldana (figura ao lado), faça a montagem dos potenciômetros, para garantir que eles girem todo o curso (já mostrado no passo 5). Insira a cremalheira, já montada na sua articulação, e assegure que ao mover o pedal o movimento é transmitido aos potenciômetros, que devem girar quase toda a sua extenção. De fato, procure garantir que ambos os potenciômetros não encostem quer no mínimo ou no máximo de seu curso (embora próximos), quando a alavanca passar de recolhida a estendida. Isto irá aumentar a durabilidade dos potenciômetros.

Monte a roldana no seu suporte e fixe ambos na caixa com parafuso M3 x 8 mm. Teste a movimentação do pedal. O único atrito a ser sentido será o dos potenciômetros. Todo o restante deverá mover-se livremente.

8) Tampa lateral (C)

É hora de fechr a caixa.  Recorte a peça C, e faça os 4 furos de 3 mm para os parafusos de fixação. Não faça ainda o recorte para o encaixe do mancal do pedal, e dobre a peça no formato de U, como visto ao lado. Retire a alavanca do pedal, junto com o mancal, e verifique o encaixe entre a tampa lateral e a caixa de fixação B. Faça os ajustes necessários para que ambos se toquem na base, onde serão fixados os parafusos. Marque a posição deles na caixa de fixação e faça furos. Pode-se usar parafusos autoatarrachante com diâmetro de 3 mm, ou então pode-se também fazer roscas na caixa de fixação (eu comprei um macho para M3 e fiz as roscas). Marque, a seguir, a posição do recorte para encaixe do mancal, e faça o recorte com arco de serra e lima, procurando conseguir um bom ajuste novamente. Monte o mancal e a alavanca do pedal e verifique se o fechamento da tampa lateral está adequado.


Por último, faça a furação para a fixação da placa de eletrônica PCB na caixa de fixação (B). Verifique a melhor posição para a placa de forma a não interferir com o movimento do pedal. Para fixar a placa, eu usei parafusos M3 x 20 mm com porcas, e tubos plásticos rígidos de 8 mm de comprimento como separadores. 

Agora só falta o acabamento. Eu revesti a alavanca do pedal com borracha antiderrapante de 3 mm. Para cortar a borracha use um estilete bem afiado, mas tome cuidado para não se machucar. Corte sobre uma superfície lisa e dura, como um granito de pia, por exemplo. Faça 4 furos na borracha (broca de 8 mm) para acesso aos parafusos que prendem o mancal da cremalheira. A borracha foi fixada com cola quente, mas a pistola de aplicação não é necessária . Basta aquecer levemente a peça de alumínio num fogão a gás e espalhar a barra de cola sobre ela. Com o calor do metal a cola derrete aos poucos. Espalhe bastante cola e reaqueça a peça quantas vezes for necessário. Procure espalhar a cola em toda a região onde será fixada a borracha. Use um alicate para segurar a peça enquanto estiver aquecida. Depois de derretida - tome cuidado para não queimar a cola - aplique a borracha previamente cortada no tamanho correto, e aplique bastante pressão sobre ambos. Enquanto estiver esfriando verifique se a borracha permanece na posição correta ou se deslizou. Para boa aderência a cola deve vazar um pouco pelas extremidades da borracha. Veja a figura ao lado a borracha já aplicada sobre a alavanca. Cole também duas tiras de borracha antiderrapante com cerca de 20 mm de largura na parte de baixo da tampa lateral (C), como visto na imagem abaixo. Elas evitam que o pedal deslize com o acionamento.

 

Conexões

Depois de todo este esforço, se você chegou até aqui, é hora de montar o pedal. As ligações da placa com os componentes externos são mostradas na figura abaixo, mas há uma versão em pdf com melhor resolução

Há duas formas de se fazer as conexões do potenciômetro de volume. Na primeira delas o sinal para o amplificador varia entre o sinal e o terra. Esta é a forma indicada no esquema de conexões. Ela tem a vantagem de gerar menos ruído, principalmente em volumes baixos, mas apresenta o incoveniente de também abaixar o volume de um outro instrumento que esteja ligado no mesmo canal do amplificador. Na segunda forma os fios 1 e 2 são permutados. Ela gera teoricamente um pouco mais de ruído, mas permite dois instrumentos compartilharem o mesmo canal do amplificador.



Custo

O custo deste pedal depende fortemente daquilo que você puder conseguir gratuitamente ou reaproveitar de outros projetos. O maior custo é, sem dúvida, do material importado, de cerca de 40 dólares, incluindo despesas de remessa. O material eletrônico nacional deve ficar abaixo de 30 reais, sem incluir a placa PCB. É difícil computar o custo da caixa, já que eu tinha grande parte do material que sobrou dos amplificadores que fiz: um Fender e o Vox 50, além dos outros pedais de efeitos. Sem dúvida nenhuma grande parte do custo deste pedal é o tempo dispendido no projeto e fabricação da caixa, já que é o primeiro projeto que envolve peças articuladas. Logo, se você quiser economizar, este é o ponto. Comprar uma caixa já pronta como esta deve ficar uma fortuna.

Dicas finais:
  1. Use apenas parafusos com porcas e arruelas para fixar as peças entre si. O pedal precisa ser montado e desmontado diversas vezes durante a fabricação para ajustar as peças. Eu usei apenas 3 tipos de parafusos: 16 parafusos cabeça chata M3 por 8 mm, 3 M3 por 20 mm e 2 M4 por 15 mm, todos com porcas e arruelas. Faça escariações nos furos dos parafusos de cabeça chata.
  2. Eu adotei o layout do PCB indicado na GGG. É claro que, se você utilizar o esquema que apresentei aqui, a sua eletrônica terá um layout diferente do meu, embora o circuito eletrônico seja rigorosamente o mesmo.

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