Dinâmica
de
atitude de satélites artificiais
Todos os vídeos mostrados neste
sítio foram produzidos por Valdemir Carrara (Copyright 2002-2012)
O movimento foi simulado em Matlab. As animações foram geradas com
POVRay e Fast Movie Processor
Uma
das formas de manter o satélite numa dada orientação consiste em
fazê-lo girar ao redor de um eixo. Assim como um pião permanece em pé
quando posto para girar, um satélite tende a manter-se apontado para
uma mesma direção quando estiver em rotação. Este procedimento é
denominado de estabilização por
rotação ou estabilização
giroscópica.
Os dois satélites desenvolvidos no Brasil, SCD1 e SCD2 são
estabilizados por rotação. Porém, nem todos os satélites apresentam
esta forma de estabilização. Além desta, são também empregadas a
estabilização por gradiente de
gravidade e a estabilização em
3 eixos.
A
orientação de um satélite, isto é, a direção para a qual o satélite
aponta é denominada de atitude.
Compreender
como se dá este movimento de atitude é importante para prever o
comportamento do satélite.
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Movimento
de
rotação
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Um satélite
girando no espaço
movimenta-se como um pião. O vídeo ao lado mostra o comportamento
simulado do movimento. Se a direção de um instrumento a bordo (um
telescópio, por exemplo, com vetor amarelo), não coincidir com o eixo
de rotação, então esta direção irá descrever um movimento cônico ao
redor deste eixo (clique na imagem para baixar o vídeo).
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O vídeo ao lado
mostra o
movimento real de rotação ao redor do eixo de maior momento de inércia
de um mancal que flutua sobre um colchão de ar comprimido para reduzir
o atrito. Este mancal encontra-se no Laboratório de Simulação da
Divisão de Mecânica Espacial e Controle do INPE. (clique na imagem para
baixar o vídeo). |
Porém,
se o eixo ao redor do qual o satélite gira não coincidir com um dos
eixos de simetria dele, então o satélite descreverá um movimento
denominado de nutação. Neste
movimento o eixo de simetria (azul) descreve um movimento cônico. A
direção do instrumento (amarelo) descreve uma ciclóide (movimento
circular ao redor de outro). (clique na imagem para baixar o vídeo). |
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O vídeo ao lado
mostra o
movimento real de nutação ao redor do eixo de maior momento de inércia
do mancal esférico. Devido às características de inércia deste mancal,
o movimento é um pouco diferente daquele mostrado acima, mas
essencialmente é um movimento de nutação. (clique na imagem para
baixar o vídeo). |
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Do
ponto de vista do corpo que gira, parece que tudo gira ao seu redor. Na
animação ao lado a câmera foi fixada ao satélite, e agora parece que é
o eixo vermelho que gira ao redor do azul. Na verdade esta animação é
exatamente a mesma que a anterior (acima), mas agora é o observador que
se
move junto com o objeto. O satélite descreve,
portanto, o mesmo movimento de nutação. |
Mas,
se o satélite não for simétrico com relação ao seu eixo principal, isto
é, se sua forma for semelhante a uma caixa de fósforos, então o
movimento de nutação resulta numa trajetória cônica não fechada, pois a
velocidade de rotação pode aumentar ou decrescer durante uma rotação.
(clique na imagem para baixar o
vídeo). |
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Novamente,
se a câmera for fixada ao corpo, parece que é o eixo vermelho que gira
ao seu redor, como mostra a animação ao lado. Porém, nota-se que a
trajetória do eixo vermelho se repete, enquanto que a do
eixo azul na animação acima não, embora o movimento seja
exatamente o mesmo. Percebe-se então que o corpo apresenta dois
movimentos distintos: um giro ao redor do seu eixo e um balanão ao
redor do eixo vermelho. |
Se
o movimento de rotação se der ao redor do eixo de maior dimensão
(comprimento) do satélite, então o movimento resultante é rotacional
puro. Novamente, um instrumento que aponta para uma direção diferente
do eixo de rotação irá apresentar um movimento cônico.(clique na imagem
para baixar o
vídeo). |
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Pode-se observar este
movimento de
rotação pura no vídeo ao lado. Percebe-se que o mancal gira ao redor do
seu eixo de simetria, que é o eixo de maior dimensão (menor momento de
inércia). (clique na imagem para
baixar o vídeo). |
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Quando a rotação
estiver próxima
do eixo de
maior dimensão do satélite, então a nutação é cônica, não fechada e a
velocidade pode variar, no caso deste eixo não ser de simetria,
como mostra o
movimento ao lado (clique
na imagem para baixar o vídeo). |
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A nutação ao redor
do eixo de
menor inércia pode ser vista no vídeo ao lado, com o mancal esférico.
Como os momentos de inércia transversais (perpendiculares ao eixo de
simetria) são praticamente iguais, a nutação semelhante àquela do
lápis, mostrada mais adiante. (clique na
imagem para
baixar o vídeo). |
Se
o movimento da animação acima for observado a partir do próprio corpo
girante, a trajetória do momento angular (eixo vermelho) é novamente
uma trajetória fechada, semelhante a uma elipse curvada, como visto na
animação ao lado. |
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O
movimento de nutação é diferente, entretanto, quando o satélite estiver
girando próximo ao eixo intermediário (largura). Este movimento não é
estável, e o satélite pode dar "cambalhotas" (clique na imagem para
baixar o
vídeo). |
Mesmo nesta situação,
com
movimento próximo ao eixo intermediário, o vetor do momento angular do
corpo (eixo vermelho) descreve uma trajetória fechada quando observado
a partir do satélite, como visto na animação ao lado. Novamente este
movimento é idêntico ao anterior (acima), mudando-se apenas o
ponto de
vista. |
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As trajetórias do
momento
angular (em vermelho nas animações anteriores) quando observadas a
partir do corpo girante são geradas pela interseção de um elipsóide
(denominado de elipsóide de energia) com a superfície de uma esfera
(denominada de esfera do momento angular). A animação ao lado mostra
estas interseções para energias decrescentes. |
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Pode
ser mostrado que o movimento de nutação é, na verdade, um movimento
composto pela rotação de um cone dentro do outro, como mostra a
animação ao lado. Os cones não fazem parte do satélite, apenas
demonstram que o movimento é semelhante ao rolamento (sem
deslizar) de
um cone preso ao satélite na superfície de um outro cone fixo no espaço
(clique na imagem para baixar a
animação). |
Contudo,
se o formato do satélite for semelhante ao de um
lápis (diferente do
formato de moeda acima), então o cone fixado a ele ir é rolar
externamente é superfície do cone fixado no espaço (clique
na
imagem para baixar a
animação). |
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Muitas
vezes a nutação é indesejada. Para eliminá-la e fazer com que o
satélite tenha um movimento rotacional puro, instala-se nos satélites
um "amortecedor de nutação"
(representado no vídeo pela esfera amarela e preta). Este
dispositivo elimina, por meio de dissipação de energia, a velocidade
angular transversal, fazendo com que o satélite gire ao redor de um
único eixo após um certo tempo (clique na imagem para baixar o
vídeo). |
Contudo,
se o satélite estiver girando próximo ao eixo de menor dimensão, então
o amortecedor de nutação ir é transferir a rotação para o eixo de
maior dimensão. Quando isto acontece, diz-se que o satélite est é em
"flat spin", o que significa que est é girando ao redor do eixo de
maior
dimensão (na verdade, no eixo de maior momento de inércia) (clique
na imagem para baixar o
vídeo). |
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Quando um satélite
estabilizado
por rotação é submetido a um conjugado (torque), ele ir é
apresentar um
movimento conhecido como precessão.
Na precessão o corpo não ir é girar ao redor do eixo do conjugado, como
normalemente aconteceria, mas seu eixo de rotação ir é se deslocar em
direção ao sentido do conjugado. Este efeito é conhecido como
efeito
giroscópico, e pode ser sentido ao se tentar girar uma roda de bicicleta em
rotação. (clique na imagem para baixar o
vídeo). |
Se
o torque aplicado ao satélite em rotação for perpendicular ao eixo de
rotação, o movimento de precessão far é com que o eixo de rotação
descreva um movimento cônico. Porém, diferentemente da nutação, onde
não h é torque aplicado, na precessão o satélite gira ao redor de um
único eixo (clique na imagem para baixar o
vídeo). |
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O movimento de
precessão pode
ser visto no vídeo ao lado, com a mesa de mancal esférica a ar
comprimido. Foi inserida na mesa uma pequena massa que provocou um
desbalanceamento, ocasionando um torque no plano horizontal. O momento
angular da plataforma ir é variar de acordo com o torque aplicado.
(clique na imagem para
baixar o vídeo). |
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Estabilização
por rotação
Uma
grande parcela dos satélites artificiais controlam seu apontamento por
meio de estabilização passiva por rotação, também denominada de estabilização giroscópica. O vídeo
ao lado mostra um satélite com atitude estabilizada por rotação.
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Estabilização
por gradiente de gravidade
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Uma outra forma de
estabilização é conhecida como gradiente de gravidade. Se o
satélite
possuir uma dimensão (comprimento) muito maior do que as outras duas
(largura e altura), então surge um conjugado devido é diferença
da
aceleração da gravidade terrestre ao longo do comprimento, pois a
gravidade cai com o aumento da distância ao centro da Terra. O torque
de gradiente de gravidade faz com que o movimento do satélite seja
semelhante é de um pêndulo, que tende a se alinhar com a
vertical, como
visto no vídeo (clique
na imagem para baixar o vídeo). A seta amarela indica a direção e a
intensidade do conjugado, e depende da orientação do satélite naquele
instante. |
Estabilização
em 3 eixos
Nesta
forma de estabilização, um sistema de controle é bordo mantém
constantemente a orientação desejada para o satélite. O sistema é
composto por sensores, que medem a orientação, atuadores capazes de
gerar torques e uma eletrônica computadorizada que calcula qual deve
ser a atuação em função do erro apresentado na orientação. A
animação representa um satélite controlado em 3 eixos. A seta amarela
indica a direção e intensidade do torque (controle PID) (clique na
imagem para baixar o
vídeo). |
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Aquisição
de atitude após injeção em órbita
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Durante
a fase de apontamento inicial, pode acontecer de o satélite estar
girando descontroladamente. Deve-se então providenciar uma redução de
velocidades, seguido de um apontamento na direção correta. O vídeo
mostra um processo de aquisição
de atitude, realizado com jatos de gás para gerar os torques
necessários. (clique na imagem para baixar o
vídeo). |
Este
vídeo apresenta a simulação do processo de aquisição de atitude para um
satélite Cubesat, com apontamento geocêntrico, usando apenas torque
magnético (controle em dois eixos). A determinação de atitude é
simulada com medidas de sensor solar e magnetômetro. O satélite leva
cerca de 12 horas para atingir o apontamento correto, a partir de
condições iniciais arbitrárias. A seta cinza, no alto e é
esquerda do
vídeo indica a direção e magnitude do campo magnético terrestre. A seta
laranja, com mesma origem, indica o torque gerado pelo controle PID.
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